dieta enteral.
A Nutrição Enteral ou NE é segundo o Ministério da Saúde do Brasil, designa todo e qualquer "alimento para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada, de composição definida ou estimada, especialmente formulada e elaborada para uso por sondas ou via oral, industrializado ou não, utilizada exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas".
Para verificação e mais detalhes sobre as normas e definições da NE e Terapia Nutricional Enteral (TNE), o conteúdo completo está em Portaria nº 63, de 6 de julho de 2000 no site da ANVISA.
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Cuidados gerais para administrar dieta enteral.
Cuidados gerais para administrar dieta enteral
-Verifique sempre o prazo de validade da dieta.
-O frasco de dieta e o abridor de garrafas devem ser limpos com um pano limpo umedecido em álcool, antes de sua abertura.
-Lave bem as mãos com água e sabão antes de iniciar o preparo.
-Observe se a sonda está bem fixada no nariz do paciente.
-A dieta que será administrada no paciente deve estar em temperatura ambiente.
-A dieta deve ser sempre administrada lentamente, para evitar qualquer problema (diarréia, gases, náusea e vômito): se a sonda estiver no estômago do paciente, o volume de um horário deve correr em 1h; se a sonda estiver no intestino, a velocidade deve ser mais lenta, ou seja, o volume de um horário deve correr em 1h30min.
-O nutricionista/ médico responsável pelo tratamento e alta deve ter determinado qual o volume de dieta enteral que será usado e os horários para administração.
-Os horários para administração da dieta são semelhantes aos horários das refeições normais: café da manhã, almoço, jantar, ceia e lanches. Por exemplo, de 3 em 3horas: 6h, 9h, 12h, 15h,18h, 21h. Estes horários podem ser ajustados à rotina da família.
-Para receber a dieta o paciente deve estar sentado no leito, formando um ângulo de 45° (no mínimo) em relação à cama. Ele deve ficar nesta posição durante o recebimento da dieta e por mais 30 minutos após o término dela. Esta posição é extremamente importante, pois impede que o paciente se engasgue com a dieta e que ela se dirija ao pulmão.
-Se o paciente apresentar náusea, tosse excessiva, dificuldade respiratória ou qualquer alteração, suspenda imediatamente a dieta e entre em contato com o médico para orientação.
-Limpe diariamente a parte externa da sonda com gaze, água e álcool a 70% ou sabonete suave. Seque bem.
-Administre medicamentos separadamente e após a dieta.
-Cuidado para não puxar a sonda acidentalmente. Caso haja saída ou entupimento, ela deverá ser trocada pelo enfermeiro ou médico.
IMPORTANTE:
No caso de entupimento da sonda ou saída acidental, procure ajuda médica. Nunca tente reintroduzir a sonda sozinho.
Para pacientes com estomas:
Os cuidados com a sonda de gastrostomia ou jejunostomia são bem simples e podem ser realizados por qualquer pessoa da família ou pelo próprio paciente.
- Cuidados com a pele no local: limpe diariamente a pele, preferencialmente na hora do banho, com água e sabão neutro. Seque bem e coloque uma gaze entre o suporte externo da sonda e a pele, mantendo-a sempre seca.
- A pele na região ao redor da sonda deve ser observada diariamente verificando sinais de vazamento de dieta com suco gástrico, ou infecção: vermelhidão, inchaço, drenagem com
pus. Nestas situações, avise a enfermeira ou o médico.
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dieta integral perguntas frequentes.
Perguntas Frequentes
01. Se a dieta estiver na geladeira, pode ser retirada e administrada em seguida?
A temperatura ideal para administração da dieta é a temperatura ambiente (entre 20 e 35º C). A dieta não deve ser administrada gelada, quente ou morna. Retire da geladeira 30 minutos em média antes do horário de administração, sem deixá-la exposta ao sol.
02. Qual é o volume diário indicado para a Nutrição Enteral?
O volume é prescrito de forma individualizada, de acordo com o cálculo das necessidades energéticas do paciente ( ingestão de calorias), assim como os horários e intervalos para administração. Normalmente se inicia a Nutrição Enteral com volumes reduzidos, em torno de 500 ml/dia com intervalos de 3 em 3 ou 4 em 4 horas. Depois do período de adaptação, o volume pode chegar a 2000 ml / dia, mantendo-se os intervalos. A administração também pode ser feita de forma contínua, sem intervalos durante 12 h,18 ou mesmo 24h.
03. O que fazer em caso de refluxo ou vômitos?
Observe se o paciente se encontra sentado ou com a cabeceira elevada durante a administração da dieta. Uma redução no gotejamento pode ser necessário. Se o problema persistir, suspenda a dieta e consulte o médico ou a nutricionista.
04. O que fazer em caso de diarréia?
Verifique se a dieta está sendo administrada na temperatura e velocidade adequada, e se, necessário, diminuir o gotejamento. Faça uma vistoria das condições de higiene no local de preparo e nos utensílios utilizados( frascos, equipos, etc). Observe como a dieta está sendo armazenada e preparada. Caso o problema persista, suspenda a dieta e consulte o médico ou a nutricionista.
05. O que fazer no caso de constipação intestinal ( intestino preso)?
Consulte a nutricionista para uma possível modificação na dieta prescrita
06.Como desobstruir a sonda?
Com uma seringa de 20 ml, administre água pressionando o embolo com precisão para remover possíveis resíduos de dietas. Caso o problema persista, consulte o médico ou a nutricionista.
07. Posso acrescentar água para diluir a dieta?
Esse procedimento não é necessário. A dieta já vem do laboratório pronta para ser administrada. O único procedimento que se pode fazer com uma dieta antes de abri-la é agita-la para ficar mais homogênea. Caso ao abrir uma dieta, perceba algo diferente na sua viscosidade, não a utilize e entre em contato com seu nutricionista e ou médico.
08. Posso reaproveitar frascos e equipos ou estes devem ser descartados a cada utilização?
Em domicílio, normalmente, utiliza-se 01 frasco e 01 equipo para cada 24 horas.
09. Em quanto tempo se deve administrar a dose da dieta? E como controlar?
Isso depende da recomendação feita pelo nutricionista e ou médico. O tempo de administração vai depender do volume da dose. Quase sempre o melhor é controlar o gotejamento, que deve ser de aproximadamente 60 gotas/minuto. Na extremidade do equipo que deve ser conectada no frasco de dieta, há uma roldana para a regulagem velocidade de gotejamento da dieta. Quanto mais para baixo estiver a roldana, menor será a velocidade do gotejamento.
10.Como acrescentar água para hidratação?
Após cada administração da dieta, o ideal é administrar cerca de 50 a 100 ml de água, através de gotejamento ou jato com a seringa diretamente na sonda.
Esse procedimento ajuda na hidratação e na limpeza da sonda.
11. A dieta pode ser aquecida antes de administrá-la?
Não se deve aquecer a dieta. O correto é que a dieta seja administrada em temperatura ambiente. Para isso, o ideal é deixar a dieta fora da geladeira cerca de 30 a 40 minutos antes da administração. Se por algum motivo esse procedimento não acontecer, coloque a dieta em embalagem original em banho Maria com o fogo desligado por 2 minutos.
12. E os medicamentos, podem ser administrados pela sonda?
É possível, mas nunca faça sem orientação. Consulte sempre o seu médico, para saber sob formas de administração e horários.
13. As dietas normalmente são adocicadas, posso acrescentar sal?
Não. As dietas industrializadas têm leve sabor adocicado. Isso acontece, devido às fontes de carboidratos que compõe a dieta, que geralmente são maltodextrina ou sacarose. Não acrescente sal as dietas pois isso além de prejudicar a composição nutricional, irá também alterar a osmolalidade dessa dieta.
14. Qual é a validade de uma dieta?
Quando a dieta esta fechada a validade das dietas varia dependendo do fabricante. Geralmente tem validade de 01 ano ou 01 ano e meio após a data de fabricação. Consulte sempre na embalagem, a data de validade. Nunca administre um produto com a validade vencida.
Após aberta, deve ser consumida em no máximo 24 horas, sendo armazenada na geladeira, longe de contaminações.
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Nutrição enteral fator essencial.
Nutrição enteral
O alimento, independentemente da cultura do indivíduo e da época vivida, é um fator essencial e indispensável à manutenção e à ordem da saúde. Sua importância está associada à sua capacidade de fornecer ao corpo humano nutrientes necessários ao seu sustento. Para o equilíbrio harmônico desta tarefa é fundamental a sua ingestão em quantidade e qualidade adequadas, de modo que funções específicas como a plástica, a reguladora e a energética sejam satisfeitas, mantendo assim a integridade estrutural e funcional do organismo. No entanto, esta integridade pode ser alterada, em casos de falta de um ou mais nutrientes, com conseqüente deficiência no estado nutricional e necessidade de suplementação (regime dietoterápico) (Moura, 2002).
A nutrição enteral (NE) consiste na infusão de uma dieta líquida administrada por meio de uma sonda colocada no estômago ou no intestino. A ANVISA define nutrição enteral na Portaria n° 337: "Alimentação para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada, de composição química definida ou estimada, especialmente elaborada para uso por sonda ou via oral, industrializados ou não, utilizado exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricionais, em regime hospitalar, domiciliar ou ambulatorial, visando a síntese ou manutenção de tecidos, órgãos ou sistemas."
As dietas enterais são classificadas:
•Dietas Poliméricas: nutrientes íntegros, com ou sem lactose, baixa osmolaridade, menor custo, hiperprotéicas, hipercalóricas suplementadas com fibra, etc.
•Dietas Oligoméricas: hidrólise enzimática das proteínas, suplementação de aminoácidos cristalinos, osmolaridade mais alta, digestão facilitada, absorção intestinal alta.
•Dietas Monoméricas ou elementares: nutrientes na forma mais simples, isenção de resíduos, hiperosmolares, alto custo.
•Dietas Especiais: formulações específicas para atender as necessidades nutricionais diferenciadas de acordo com a doença de base.
•Módulos: predominância de um dos nutrientes (Kudsk,1992).
Pacientes com trato gastrointestinal (TGI) íntegro ou parcialmente funcionante, com apetite diminuído a ponto de não ingerirem um mínimo de nutrientes necessários ou aqueles que se encontram impossibilitados de alimentar-se por via oral, devem receber NE. Nos últimos anos, os contínuos avanços tecnológicos e nos conhecimentos da fisiopatologia gastrointestinal permitiram estender os benefícios da alimentação enteral a pacientes criticamente enfermos, com graves distúrbios do aparelho digestivo.
A nutrição enteral é vantajosa em relação à nutrição parenteral na medida em que (a) mantém o fluxo sangüíneo mesentérico, (b) e a flora intestinal mais equilibrada, (c) ajuda na preservação da estrutura e função dos intestinos, do fígado e da imunidade, (d) permite utilização mais eficiente dos nutrientes com (e) menor risco de infecção e de complicações metabólicas, além de (f) ter menor custo (Krause, 2002).
Em várias situações clínicas está indicada a NE:
•Disfagia grave por obstrução ou disfunção da orofaringe ou do esôfago, como megaesôfago chagásico, neoplasias de orofaringe e esofágicas;
•Coma ou estado confusional, por trauma crânio-encefálico, acidente vascular cerebral, doença de Alzheimer, entre outros;
•Anorexia persistente, por neoplasias, doenças infecciosas crônicas, depressão, etc;
•Náuseas ou vômitos, em pacientes com gastroparesia ou obstrução do estômago ou do intestino delgado proximal;
•Fístulas do intestino delgado distal ou do cólon;
•Má-absorção secundária à diminuição da capacidade absortiva, como no caso de síndrome do intestino curto;
•Broncoaspiração recorrente em pacientes com deglutição incoordenada;
•Aumentos dos requerimentos nutricionais, por exemplo, em pacientes com grandes queimaduras;
•Doenças ou desordens que requerem administração de dietas específicas: Quilotórax e pancreatite aguda, insuficiência hepática, insuficiência renal, doença de Crohn em atividade e outras.
Uma indicação geral para a NE é a manutenção da integridade da mucosa do TGI e a prevenção de sua hipotrofia, particularmente em pacientes pós-cirúrgicos ou pós-trauma, ou naqueles com jejum prolongado associado com doenças crônicas. A hipotrofia da mucosa intestinal pode ocorrer rapidamente após o estresse orgânico grave. A presença de nutrientes no TGI pode servir como fator trófico tanto para no caso da síndrome do intestino curto quanto na presença de trauma grave. Assim, a alimentação enteral precoce no curso do trauma ou doença grave pode ser sugerida não somente para promover nutrição, mas também para manter o trofismo da mucosa gastrointestinal e prevenir a translocação bacteriana e sepse. Esses são importantes componentes protetores da barreira intestinal contra bactérias, endotoxinas e outras macromoléculas antigênicas.
A NE geralmente não está indicada em pacientes com obstrução intestinal completa e o "íleo paralítico". Em pacientes com fístula intestinal proximal, a NE somente deve ser empregada se a extremidade da sonda estiver posicionada distal à fístula. Mesmo nessas condições, a NE poderá aumentar a quantidade de fluídos secretados no TGI (do estômago, pâncreas e bile), mantendo o pertuito da fístula. (Krause, 2002).
A NE geralmente não está indicada em pacientes com obstrução intestinal completa, necesidade repouso intestinal, hemorragia digestiva alta, perfuracão intestinal e em certos tipos de fístulas e no "íleo paralítico". Em pacientes com fístula intestinal proximal, a NE somente deve ser empregada se a extremidade da sonda estiver posicionada distal à fístula. Mesmo nessas condições, a NE poderá aumentar a quantidade de fluídos secretados no TGI (do estômago, pâncreas e bile), mantendo o pertuito da fístula.
As fórmulas enterais, geralmente são classificadas baseadas na sua composição protéica ou de todos macronutrientes.
Deve-se determinar o tempo de nutrição enteral para escolher a via de acesso:
- Via nasogástrica: inserida no nariz até o estômago;
- Nasoduodenal: para pacientes com alto risco de aspiração, refluxo, retardo no esvaziamento gástrico, náuseas e vômitos;
- Gastrostomia/ Jejunostomia: as sondas são colocadas sem procedimento cirúrgico no estômago ou jejuno e trazidas para fora através da parede abdominal para permitir a via de acesso para a alimentação, tudo isso por via endoscópica;
- Enterostomia por cirurgia: para pacientes que requerem algum suporte nutricional e submetidos a algum procedimento cirúrgico (Krause, 2002).
O uso da sonda de alimentação de apenas um lúmen para administrar a medicação pode causar problemas. Podem ocorrer incompatibilidades físicas, farmacêuticas e farmacocinéticas entre medicação e nutrição enteral. (Krause, 2002).
O uso do mesmo tubo para administração da droga e da alimentação é pouco recomendável em função das interações que aí podem ocorrer. Algumas drogas são conhecidamente incompatíveis com as formulações enterais, contudo as informações nessa área são relativamente escassas (Moura, 2002).
As neuropatias agudas levam a um estado ao hipercatabólico, com elevadas perdas nitrogenadas. O balanço nitrogenado negativo pode ser revertido por regimes mais agressivos do que os habitualmente utilizados, porém crianças com neuropatias agudas, nutrição enteral iniciada precocemente foi bem tolerada, demonstrando ser um método seguro e efetivo para a administração de nutrientes (Leite, 1998).
A alimentação enteral é a modalidade preferida de suporte em pacientes graves com função digestiva aceitável, porém incapazes de se alimentar por via oral, entretanto as vantagens da oferta contínua em contraste com a intermitente são rodeadas de controvérsias (Serpa, 2003).
Os pacientes com doença cerebrovascular complicados por disfagia e portadores de sondas nasoenterais promovem acúmulo de secreçöes na faringe e aumento do pH intragástrico com conseqüente colonização bacteriana. Esta situação aumenta o risco de aspiraçäo e pneumonia. O seu uso deveria ser restrito e bem indicado (ABCD, 2003).
A alimentaçäo enteral tem avançado, nos últimos anos, como forma de terapia nutricional, na medida em que evoluem as tecnologias (equipamentos) e o maior conhecimento sobre os nutrientes. O conceito de que o alimento constitui importante estímulo para manter a funçäo e a estrutura intestinal da mucosa, liberando secreçoes pancreáticas, biliares e fatores hormonais - além da possibilidade de melhor oferta de nutrientes, menor custo e menor risco de infecçöes e lesões hepáticas - fazem com que a via digestiva seja cada vez mais utilizada (Zamberlan et al, 2002).
A nutriçäo enteral precoce (NEP) pode diminuir complicações infecciosas, melhorar cicatrizaçäo e conseqüêntemente reduzir o tempo e o custo da internaçäo (Watanabe et al, 2002).
O papel da hipoalbuminemia como fator de risco para o desenvolvimento de diarréia associada à nutriçäo enteral, e outros fatores de risco para diarréia, como o uso de medicamentos e a localizaçäo da sonda de nutriçäo enteral foi estudada e demonstrada que a administraçäo da dieta no intestino delgado foi a variável que mais claramente se correlacionou com diarréia. Näo houve correlaçäo estatística entre uso de antibióticos e diarréia. Esses resultados sugerem que: a) o uso de antisecretores e a administraçäo intermitente da dieta diretamente no intestino delgado podem ser fatores de risco para diarréia em pacientes em nutriçäo enteral; b) o uso de antimicrobianos pode näo se correlacionar com diarréia nesses pacientes; c) hipoalbuminemia näo se comporta como fator de risco para diarréia em nutriçäo enteral (Couto et al, 1998).
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